Enfermeira diz que viu paciente se debater em transplante feito por médicos acusados de fraudes e Tráfico de órgãos
Rita Maria trabalhou mais de 15 anos com réus julgados nesta terça, em Taubaté
publicado em 18/10/2011 às 16h54:
Do R7, com Rede Record
Reprodução/Rede Record
Veja fotos do 1º dia do julgamento
Rita Maria presenciou a retirada de um rim de uma paciente, que se debatia durante a cirurgia
- Nunca vi um paciente se debater na mesa de cirurgia. Estava o Fernando e o Pedro Henrique. Aí, o Pedro saiu da sala e o Fernando continuou [fazendo o transplante]. Depois, o Fernando saiu gritando porque não conseguia terminar a retirada do rim. Ele [o paciente] não parava de se debater. Aí, o Pedro Henrique veio até o paciente, pegou um bisturi e deu um pique na veia dele. E ele [paciente] parou.
O relato já havia sido feito, em 2001, pela enfermeira e, na ocasião, chocou a polícia e parlamentares, que decidiram criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o suposto esquema de tráfico de órgãos.
Depoimentos
Na tarde desta terça-feira (18), a Justiça ouvia as testemunhas de defesa convocadas pelos advogados dos réus. No total, nove pessoas prestarão depoimento a favor da inocência dos médicos. No primeiro dia de júri popular, que aconteceu na segunda-feira, sete testemunhas de acusação também prestaram depoimento.
Histórico
Pedro Henrique Masjuan Torrecillas, Rui Noronha Sacramento e Mariano Fiore Júnior são acusados de quatro homicídios dolosos contra os pacientes Miguel da Silva, Alex de Lima, Irani Gobo e José Faria Carneiro, que morreram no Hospital Santa Isabel entre setembro e dezembro de 1986.
Depois de as vítimas passarem por operações, o neurocirurgião e legista Mariano Fiori concluía como causa mortis exclusivamente as lesões cerebrais experimentadas pelas vítimas (traumatismo craniano, raquimedular ou aneurisma), ocultando a causa direta, segundo o Ministério Público, das mortes: a retirada dos rins dos pacientes.
Os prontuários médicos e os laudos das angiografias cerebrais relativos a esses pacientes foram apreendidos e submetidos à análise de peritos, que concluíram que as vítimas não tinham diagnóstico seguro de morte encefálica e, por isso, não poderiam ter sido submetidas a cirurgias de retirada dos rins.
Também foram denunciados pelos mesmos crimes os médicos Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro, que morreu em 2010, e José Carlos Natrielli de Almeida, que acabou não sendo levado a júri a pedido do Ministério Público.
Relembre o caso:
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